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domingo, 13 de março de 2011

PARADOXO



Quero a paixão, e também a doçura. 
Quero o palavrão, e a palavra pura. 
Quero ser a esposa, e também a outra. 
Ser a amiga sensata, e também a louca. 

Quero o beijo casto e o beijo devasso. 
Quero da mão o afago e o bofetão
Da língua, o amargo e o melaço
Ah! Eu quero tripas e coração.

Quero ser anjo, mas também ave de rapina.
O caminho seguro e o penhasco da perdição.
Quero, enfim, ser a harmonia que desafina
Em sinceras juras de amor e de maldição.

Pois a vida é um paradoxo
De vida-morte, dor-prazer
De que vale o ortodoxo?
Nos opostos está o equilíbrio do ser.

(Lina Marano - "Paradoxo")

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